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Gestação na adolescência: Estudo inédito revela queda de 37%, nos últimos 20 anos


Diariamente, ocorrem cerca de 1150 nascimentos de filhos adolescentes no país

São Paulo, agosto de 2021. Estudo inédito aponta queda nas gravidezes adolescentes, nos últimos 20 anos, no Brasil. Realizada pela ginecologista Dra. Denise Leite Maia Monteiro, secretária da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a pesquisa considerou o número de nascidos vivos (NV) de mães de 10 a 19 anos de idade, entre os anos 2000 e 2019. No primeiro ano observado, mães adolescentes foram responsáveis por 23,4% do total de nascidos vivos. No último ano do levantamento, o índice caiu para 14,7% - revelando uma queda de 37,2%. A especialista aponta que apesar da importante evolução, o cenário da gestação adolescente continua preocupante no país. Dados do DataSUS/Sinasc apontam que a cada dia ocorram cerca de 1150 nascimentos de filhos de adolescentes.


A fim de aferir um retrato mais completo da gestação precoce, a pesquisa da Dra. Denise debruçou-se também sobre as taxas de fecundidade dessa população, de acordo com diferentes perfis etários e regiões e relacionou esses dados aos índices de desenvolvimento humano (IDH). De modo geral, o Brasil apresenta declínio do percentual de NV de mães adolescentes e redução da taxa de fecundidade por idade especifica (TIEF), tendendo a estar inversamente relacionado ao IDH.

Ao considerar o IDH de 2017 de cada região brasileira, observa-se maiores índices nas regiões Sudeste e Sul (0,80), seguido do Centro-Oeste (0,79), Norte (0,73) e Nordeste (0,71). “A proporção de NV de mães adolescentes do Sudeste e Sul são as menores do País, o que demonstra tendência inversamente proporcional ao IDH”, comenta a ginecologista da Febrasgo.



A gravidez na adolescência está associada à evasão escolar, maior perpetuação da pobreza gerando impactos pessoais e sociais. Na esfera da saúde, “a gravidez precoce acarreta inúmeras consequências para a adolescente e o recém-nascido. As complicações gestacionais e no parto representam a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos mundialmente, pois existe maior risco de eclâmpsia, endometrite puerperal, infecções sistêmicas e prematuridade, segundo a Organização Mundial da Saúde. Ainda há consequências sociais e econômicas como rejeição ou violência e interrupção dos estudos, comprometendo o futuro dessas jovens”, explica a médica.

Diferenças Regionais e Etárias

De acordo com o estudo, a Região Norte apresentou a maior taxa de gravidez na adolescência, seguida pelas regiões Nordeste e Centro-Oeste. As regiões Sudeste e Sul apresentaram indicadores abaixo da média brasileira.

Na estratificação etária, aponta-se ainda que a redução de gravidezes juvenis caminha em velocidades distantes ao observar aquelas ocorridas entre meninas de 10 a 14 anos (que apresentou redução de 26%) ante o grupo de 15 a 19 anos (que registrou 40,7% de queda). A Neste recorte, a Região Norte destaca-se também ao apresentar os maiores indicadores de gravidezes de crianças (10 a 14 anos) e menor diminuição percentual de ocorrências – podendo revelar desafios complementares ligados ao combate ao casamento infantil e abuso sexual infantil.

  1. World Health Organization (WHO). Adolescent pregnancy. January, 2020. [cited 2021Feb08]. Available from: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/adolescent-pregnancy.

  2. Trends in teenage pregnancy in Brazil in the last 20 years (2000-2019). Rev Assoc Med Bras, 2021, in press.

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