Uma das queixas mais comuns das mulheres no período do climatério e na pós-menopausa é a redução no desejo sexual. Sendo assim, alguns especialistas acreditam que além da reposição hormonal com estrogênio com ou sem progesterona, deveria também haver a de testosterona. Porém, ainda há muita incerteza quanto aos riscos e reais benefícios.
Recentemente foi publicada uma diretriz global endossada por diversas sociedades internacionais com o objetivo de nortear a conduta clínica sobre o tema. Abaixo temos algumas dos pontos abordados dessa diretriz:
•Dosagem bioquímica
Uma das grandes questões é sobre a dosagem bioquímica da testosterona total e livre na mulher. Os métodos diretos mais comumente utilizados são pouco confiáveis, não havendo uma faixa de referência e tampouco um ponto de corte bem definidos para o diagnóstico de deficiência no gênero feminino.
Os mais confiáveis seriam os métodos de cromatografia líquida ou gasosa ou espectrometria de massa, esses com disponibilidade limitada nos laboratórios. Dosar testosterona pelos métodos diretos só faz sentido quando se pesquisa excesso do hormônio, como observado em algumas doenças, ou para controle da dose se a testosterona for utilizada.
•Mulheres pós-menopausa
A única indicação razoável para a prescrição de testosterona em mulheres na pós-menopausa seria naquelas com diagnóstico formal de Distúrbio do Desejo Sexual Hipoativo, concomitantemente ou não com a terapia estrogênica, em doses que se aproximam daquelas consideradas fisiológicas na pré-menopausa, uma vez que parece melhorar a função sexual (desejo, orgasmo, prazer e resposta sexual).
•Testosterona oral
O uso de testosterona oral não é recomendado em virtude de efeitos maléficos sobre o perfil lipídico, o que não foi observado com as vias percutânea e injetável.
•Uso da testosterona
Não existem formulações de testosterona disponíveis especificamente para mulheres. Sendo assim, sugere-se a prescrição off-label da formulação disponível para homens.
O controle do tratamento deve visar manter os níveis de testosterona na faixa de referência considerada fisiológica para o gênero feminino. Deve-se fazer uma dosagem basal de testosterona antes do tratamento e repetir a cada três a seis meses. Se após seis meses de tratamento não houver resposta, o uso da testosterona deve ser suspensa.
•Risco cardiovascular
Não há dados concretos sobre o impacto cardiovascular do uso de testosterona em mulheres. Não se recomenda o uso naquelas com alto risco cardiovascular pois esta população foi excluída dos estudos. Observou-se um aumento de risco de trombose venosa profunda, mas não se sabe se pode ser um efeito da terapia com estrogênio.
•Risco de câncer de mama
Em relação às mamas, não se sabe os efeitos do uso em longo prazo sobre risco de câncer de mama. O uso em curto prazo não mostrou malefícios, porém, sugere-se evitar em mulheres com o diagnóstico ou alto risco da doença.
•Outros riscos
Não há dados para recomendar o uso de testosterona para melhora de humor deprimido, declínio cognitivo, saúde óssea ou para melhora de composição corporal.
•Efeitos colaterais
Alguns efeitos colaterais que podem surgir quando são usadas doses próximas das fisiológicas são acne e crescimento anormal de pelos. Alopecia, aumento de clitóris e mudanças na voz não costumam ocorrer.
A Testosterona usada de maneira adequada e fisiológica, é capaz de melhorar sua energia, disposição, produtividade, e também a celulite e a flacidez da pele, além de melhorar a libido. Mas ela também pode trazer alguns efeitos não muito legais para a nossa pele como acne, oleosidade, aumento dos pelos e queda de cabelo. Lembrando que cada mulher responde de maneira individual a tudo isso e, quando usada em doses fisiológicas estes efeitos indesejáveis têm menor incidência. O importante mesmo é consultar seu ginecologista, para saber o que é e que não é indicado para você.
Global Consensus Position Statementonthe Use ofTestosterone Therapy for Women. J Clin Endocrinol Metab, October 2019, 104(10):4660–4666.
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